Como descobrir a própria beleza pode ajudar a gente a ser mais forte
Por muito tempo acreditei que eu era um erro. Tentava achar produtos de beleza que se adequassem ao meu tom pele, mas não os encontrava.
Sempre fui muito vaidosa e amei maquiagem. Mas, ao mesmo tempo, me questionava: por que não conseguia me sentir bonita? Tudo o que eu queria era estar dentro dos padrões da sociedade. Busquei incansavelmente me sentir linda, mas tudo à minha volta me dizia que isso era tudo o que eu não era.
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Até certo ponto, a beleza foi minha inimiga. Durante a descoberta da minha autoestima, eu tinha dificuldade em achar cores de base e protetor solar. Sempre lançavam linhas com vários tons para pele branca, mas um ou no máximo dois para negras — sendo que, entre nós, também há uma diversidade de tons.
Por essa falta de representatividade, acreditei por muito tempo que ser negra era um erro. Minha autoestima era muito baixa e, por isso, eu tinha medo de tudo — até mesmo de falar. Não tinha coragem de me impor. Não me sentia no direito de no ser alguém. Não conseguia me aceitar.
Todo esse percurso foi superfrustrante, mas eu nunca me conformei. Para não cair no conformismo, me questionei diversas vezes e, aos poucos, fui percebendo que para me sentir linda e poderosa não era preciso me basear em padrões. Comecei, então, a construir o meu próprio padrão. Sem que eu percebesse, com o passar do tempo, fui me aceitando. Entendi que não havia nada de errado com a minha cor, com a minha pele, com o meu cabelo.
Nesse processo, entendi que a gente precisa se descobrir para saber do que gosta e quem realmente é. Para mim, o ponto de virada foi a transição capilar: a beleza foi saindo de dentro para fora. Não só o meu cabelo, mas tudo à minha volta começou a mudar — inclusive os meus pensamentos. Fui me desconstruindo e me descobrindo. E isso foi me tornando mais forte.
A partir do momento em que comecei a ter novos pontos de vista e criei meus próprios padrões, comecei a me sentir mais bonita. Passei a me enxergar melhor e a me valorizar. Antes eu esperava que alguém me valorizasse primeiro. Às vezes eu arrumava o meu cabelo e esperava um elogio para que eu também pudesse achar bonito. Isso significa que eu não tinha confiança em mim mesma. Agora se eu uso um penteado ou uma cor de maquiagem ou esmalte, é porque eu gosto. E não me importo com quem acha feio ou me olha torto por causa disso.
Sentir-se segura, se amar, se descobrir não é algo que vem da noite para o dia. Se olhe no espelho, veja as suas qualidades e defeitos, se analise, sem se basear em parâmetros e padrões impostos. Muitas vezes a gente não sabe se gosta ou não de algo, e sim simplesmente gosta daquilo que é ditado pela sociedade. Eu achava que não gostava do meu cabelo. Mas na realidade, o padrão então vigente é que me fazia pensar assim.
A gente precisa quebrar paradigmas. Sentir-se bem consigo mesma é a melhor coisa que existe. Claro que não é todo dia que a gente acorda com a autoestima lá em cima. Há dias, sim, em que você não vai se sentir tão bacana assim, mas aí é a hora de se policiar e falar "eu posso, eu vou, eu consigo, eu sou forte".
Ser mulher negra é ser forte, corajosa, destemida. É claro que tudo isso é um longo processo, que devemos trabalhar diariamente. Mesmo que tudo a sua volta lhe diga o contrário, acredite em você, na sua beleza, na sua verdade. Acredite que você pode ir aonde quiser.
Ser mulher é ser é ser mais. Não aceite nada pela metade: busque ser forte, corajosa, livre. Quebre os padrões!
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